top of page

“O Caminho do Ouro e a Revolta da Cachaça”


Antes utilizado pelos goianas como simples trilha de acesso entre o litoral e o Vale do Parayba, esta trilha começa a ter muita importância com o mando de Salvador Correia da Sá e Benevides (o neto) em abri-la e melhora-la em 21 de Agosto de 1660. A partir daí acredita-se no crescimento de sua utilização para comércio entre o litoral e o interior da Colônia.

Em 1659 foi enviada uma ordem para que fossem destruídos todos os alambiques da colônia e também os navios que transportavam a mercadoria (cachaça). A Produção de aguardente no Brasil havia se tornada ilícita. Porém, no Rio de Janeiro a situação foi tratada de forma diferenciada.

Salvador de Sá, por proposta dos vereadores, para compensar a cobrança de impostos libera a produção e comercio da cachaça em Decreto de 31 de janeiro de 1660. Seu governo foi marcado por grande revolta intitulada como “REVOLTA DA CACHAÇA”. Tendo perdido seu cargo e prestígio por ordem do Conselho Ultramarino.

Em 1661 é que a Regente Luísa de Gusmão liberou enfim a produção no Brasil. A ordem serviu para incrementar o tráfico com Angola e a economia fluminense. O comercio local do produto continuava proibido, porém, a repressão era nula e até as autoridades participavam. João da Silva e Souza que governou o Rio de 1670 a75, era o principal contrabandista.

A proibição foi revogada, finalmente, em 1695. A cachaça, que motivou e deu nome à revolta - à época também chamada de "aguardente da terra" e jeritiba - teve sua produção elevada, em uma década, a 689 pipas (barril de 450 litros) ao ano (ou cerca de 310 mil litros).

Com o descobrimento do ouro no interior da Colônia, Paraty se torna um porto muito importante no final do século XVII, chegando a ser o segundo mais importante nos séculos XVIII e XIX. A posição estratégica de Paraty, faz com que todo o ouro descoberto na região das “Geraes” seja escoado por seu porto. Mas o que fez com que a localidade tenha sido escolhida para ser a porta de saída do ouro e de entrada para as “Geraes” ?? Muito simples: Baia rasa, impossibilitando a entrada de navios de ataque que ofendessem a Vila com artilharia pesada, os navios que saíssem daqui não precisavam navegar em mar aberto para chegarem ao Rio de Janeiro, sua posição privilegiada possibilitava a construção de 7 (sete) fortes de defesa. Tudo isso tornava a Vila impenetrável para os atacantes. Em 1726 as ruas recebem envergamento para completar o sistema defensivo feito pelo arruador Antonio Fernandes da Silva.

Quando a notícia do descobrimento dos metais preciosos chegou ao litoral, os navios que estavam nos portos, foram abandonados deixando seus comandantes alarmados, pois as tripulações debandavam a subir a serra atrás do ouro. Era a febre do Ouro que trazia a todos à vontade de enriquecer e transtornava a vida pública. A trilha que partia de Paraty, passava por Cunha, Guaratinguetá, Taubaté, atravessava a garganta do Embaú e adentrava em Minas até chegar a Ouro Preto, outra trilha, uma continuação da antiga, levava a Diamantina.

O Caminho do Ouro, foi calçado com grandes pedras em 1703, serviu bem a seu propósito, até que outro caminho, chamado de Caminho Novo foi construído e encurtou o trajeto do metal até o Rio de Janeiro, excluindo assim, a viagem de mar até a capital da Colônia. Durante o ciclo do café também foi utilizada, até que a estrada de ferro chegou ao vale e levou o café diretamente ao Rio de Janeiro, fazendo com que a trilha fosse abandonada.

O trajeto de Paraty até Diamantina (Arraial do Tijuco) tem aproximadamente 1200km, por seu leito passou muitos cavalos, mulas, escravos e o ouro que impulsionou os “Bandeirantes” a abrirem as trilhas e invadir o lado espanhol da América do Sul, tornando o Brasil este imenso pais que hoje temos.

Texto 2008

Renan Pinto - guiarenan@ig.com.br - cel. 24 - 999159119


bottom of page