A FESTA DO DIVINO EM PARATY
Criada por D. Isabel, rainha de Portugal no século XIV, a Festa do Divino foi introduzida no Brasil no século XVI. Em Paraty ela passa a ser celebrada a partir do século XVII.
Com o passar dos séculos, a festa do Divino foi sofrendo alterações de acordo com as realidades dos anos, apesar das alterações a festa preservou suas características religiosas de promessas e agradecimentos adicionados de atividades de recreação, que chamamos de cerimônias pagãs, adições estas que não são tão novas, pois já viraram tradições. A Festa é a mais tradicional de Paraty e se preserva nos costumes até os dias de hoje, mantendo suas tradições seculares e seus rituais.
No Domingo de Páscoa é levantado o Mastro do Divino, pintado de vermelho e branco. O mastro representa que a partir daquele momento o Divino está presente e que em 50 dias a Festa irá começar. Suas cores representam a Sabedoria (Branco) e o Amor (Vermelho), quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos ele veio como línguas de fogo, mas já havia descido sobre Jesus como uma pomba branca, daí as cores.
Mesmo antes de a festa começar, A Folia do Divino, com músicos da região, sai pelas roças acompanhando a Bandeira da Esmola, para arranjar fundos para a Festa.
Os devotos saem em procissão pelas ruas da cidade e bairros vizinhos portando bandeiras com a pomba branca, simbolizando o Divino Espírito Santo. Depois, as procissões seguem para a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, onde são celebradas as ladainhas. A Matriz é toda decorada pelos fiéis. A cidade também se enfeita nas cores do Divino mostrando sua fé, com capricho e zelo. As Jóias do Imperador são expostas na casa do festeiro onde um altar todo ornamentado é montado e aberto à visitação.
Sábado bem cedo, os representantes das localidades rurais entregam suas bandeiras ao festeiro, e começa a distribuição de carne de boi aos necessitados. Da casa do Festeiro sai uma procissão (Bando Precatório), acompanhada da Banda da Cidade e da Folia do Divino, para arrecadar dinheiro pela cidade para as despesas da festa.
No Sábado também são celebradas a última ladainha da novena e a Missa, logo depois é coroado o Menino Imperador, que durante os festejos é acompanhado dos vassalos (meninos escolhidos pelo festeiro) e Guarda de Honra do Imperador. É instalado o Império do Divino de onde o Menino Imperador comanda a Festa e tem o direito de libertar um preso no dia da festa (antigamente era sempre um bêbado que se excedia nos festejos, hoje se usa uma encenação). Ao meio dia é servido o almoço a toda comunidade e aos visitantes.
O Domingo é o último dia da festa, quando é comemorado o dia de Pentecostes, simbolizando o dia que o Espírito Santo apareceu para os Apóstolos em forma de pomba, 50 dias depois da Ressurreição. Às nove horas sai uma procissão da casa do festeiro levando o Imperador e seus acompanhantes pelas ruas da cidade até a Matriz, para a Missa das dez horas, onde é dado a Confirmação do sacramento aos jovens. Ao acabar a Missa o imperador e sua corte segue para o império, e ao meio dia realiza a libertação do preso.
O Domingo e o Sábado também são liberados para a festa profana, quando se realizam as danças folclóricas, leilões, shows e a queima de fogos simbolizando o final das festividades.