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TEMPO BOM QUANDO ESCOLAS NOS VISITAVAM


ALUNOS EM ESTUDO DO MEIO

Escola em Estudo do Meio na Floresta Atlântica

CARTA DE DESAGRAVO

Durante décadas Paraty viveu o problema da sazonalidade turística, e nesse período quem salvava o município era a grande quantidade de grupos que a cidade recebia e que se utilizava dos restaurantes, escunas, hotéis, guias, etc. enfim, de toda a rede de atendimento disponível em Paraty.

Demorou bastante para fazermos de Paraty um polo de turismo ecológico e eco-pedagógico. Não foi um trabalho da administração municipal, não foi das agências, pseudoagências nem tão pouco de jeepeiros . Fomos nós, os guias de turismo mais antigos que desbravamos locais, trilhas e criamos os roteiros para atendimento desse nicho de turismo tão importante para o município. Com o Passar do tempo Paraty foi se tornando um polo de turismo receptor para o eco-pedagógico e tantas outras modalidades de turismo, como o de aventura e melhor idade. Mas de seis anos para cá as ridículas proibições de acesso aos atrativos veio reduzindo este tipo de visitação, e arrisco dizer que em seis anos tivemos uma redução em mais de 90% nas visitas de escolas, pois as agências parceiras resolveram procurar outras localidades devido as proibições. Só nos resta perguntar quem se beneficia deste ato proibitivo? Não são os guias legais que criaram os atrativos e isso posso afirmar. O fato é que os empreendimentos existentes nas rotas proibidas sentiram a falta dos grupos, muitas pousadas de Paraty estão à venda e os únicos beneficiados nessa estória são as agências e jeepeiros, pois só se acessa esses locais com carro próprio ou os veículos de turismo locais, o que encarece as viagens de grupo. Mesmo não tendo jurisdição em estradas federais e estaduais a Adm municipal ameaça com multas os veículos de turismo (de fora) que tentam acessar locais servidos por estas vias. Mesmo em vias municipais a proibição fere a constituição federal em seu Art. 5, XV, CF (direito de ir e vir), pois a liberdade de locomoção é um direito fundamental de primeira geração que se goza em defesa da arbitrariedade do Município, Estado ou Federação no direito de ingressar, sair, e permanecer no território brasileiro com seus bens. O poder público não pode produzir novos tipos de impedimentos de locomoção, haja vista que isso é vedado no Art. 150 da CF. A única forma legal para controle de acesso seria a permanência de um guia credenciado local servindo ao grupo em visitação, coisa que é lei federal, Estadual e Municipal, mas por pura falta de fiscalização não é cumprida. Então é mais fácil proibir, mesmo que isso seja ILEGAL!

Acabou que em Paraty esta voltando a prática do “day user”(bate e volta) devido a tanta burocracia, e pior, agora os usuários de day user estão vindo de comboio de vários carros particulares, trazendo suas cervejas, refrigerantes e suas farofas, deixando apenas o lixo para os moradores. Basta ir numa praia de Paraty num feriado para ver a quantidade de isopores trazidos por eles.

Por fim, somos todos culpados, guias pela desunião e medo de agir, empreendedores por comodismo ou sabe-se lá porquê. Enfim, cada um olhando o seu próprio umbigo resolvendo apenas o seu lado, até que o problema bata também a sua porta e traga o desespero. A muito tempo tenho alertado que perdemos o ouro no século XVIII , o café no século XIX, não pelo comodismo que temos hoje, verdade seja dita e talvez eu tenha nascido na época errada. E agora estamos perdendo o turismo limpo e sustentável que tanto lutamos para ter. Pois uma cidade não pode viver apenas de feriados e eventos... uma hora isso também irá acabar!

Renan Pinto

Guia de Turismo Especializado

Atrativos Naturais

Geoturismo e Desenvolvimento Local

Primeiros Socorros

Aventura Segura

Salvamento de Cetáceos Encalhados

Bacharel em Teologia


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